Alunos de Ciências Sociais do Polo Viana realizam visita ao Quilombo São Cristóvão
Por Paula Lima em 7 de July de 2025
Alunos do curso de Ciências Sociais do Polo Viana, realizaram uma atividade de campo no Quilombo São Cristóvão, localizado no mesmo município, no dia 29 de junho. A visita integrou a disciplina Antropologia Afro, ministrada pela Profa. Dra. Elizete Santos, e contou com o apoio da coordenação do polo, por meio da Profa. Leila Cidreira, que viabilizou o transporte junto à Secretaria de Educação do município.
A atividade teve dois objetivos principais. O primeiro foi promover o contato direto com a história do quilombo a partir das narrativas das pessoas mais velhas da comunidade, um exercício de escuta e memória que valoriza o saber oral e reforça a importância de registrar a luta e resistência de gerações. O segundo objetivo foi iniciar o registro dessas histórias por meio da produção de um documentário, estruturado em cinco eixos temáticos: história de luta e resistência, vestígios culturais preservados, educação quilombola, sustentabilidade e enfrentamento aos grandes empreendimentos, além da religiosidade.
Durante a visita, os estudantes foram recebidos e orientados pela líder quilombola Ana Celma, que contribuiu com informações e direcionamentos para as pesquisas. A turma foi dividida em cinco grupos, cada um responsável por um dos temas do documentário. O material coletado será organizado e, em breve, o documentário será disponibilizado para a comunidade local e nas redes sociais do curso.
Segundo a professora Elizete Santos, “a iniciativa faz parte do compromisso da universidade em contribuir para manter viva a memória das comunidades quilombolas, valorizando suas histórias e saberes tradicionais”.
Os relatos dos participantes revelam o impacto da experiência. O acadêmico Bruno Flávio Barros Rocha destacou a riqueza do trabalho de campo ao permitir “um olhar mais sensível e humano para realidades sociais muitas vezes invisibilizadas pela sociedade”.
“Foi uma vivência enriquecedora que nos permitiu ampliar a compreensão sobre a resistência e a identidade do povo quilombola, que preserva com força e dignidade seus valores ancestrais. Observamos a importância da fé, muitas vezes ligada ao catolicismo popular e às religiões de matriz africana, revelando uma espiritualidade rica. Foi, sem dúvida, uma oportunidade de aprendizado que levaremos para toda a nossa formação”, disse Bruno.
A acadêmica Thalia Fernanda Lopes Silva enfatizou a dimensão histórica da experiência: “A ida ao quilombo foi importante para compreender a luta dos povos que ali vivem. Cada experiência, cada gesto, cada fala foi essencial para entender que não é apenas um espaço, mas a história de um povo que segue resistindo”.
Para Histerfany de Cassia Gaspar, a visita reforçou a importância de respeitar e reconhecer os direitos e saberes das comunidades quilombolas. “Mais do que conhecer um território, foi uma oportunidade de ouvir histórias vivas, compreender tradições e valorizar um povo que, apesar das inúmeras tentativas de apagamento, segue firme, preservando sua memória e construindo um futuro com base no coletivo”, frisou.
A acadêmica Tina Silva Melo relatou ter vivido uma experiência transformadora: “Desde o momento em que chegamos lá, sentimos que estávamos pisando em um lugar de muita história, muita luta, força e resistência. Foi uma oportunidade única de estarmos perto de uma realidade que muitas vezes só conhecemos por livros ou vídeos. O diálogo com os moradores foi muito rico, falamos das vitórias e conquistas deles, sempre com brilho nos olhos. A cultura ali é muito viva: costumes, saberes, práticas, tudo carrega memória e resistência. Foi uma aula de vida. Voltamos de lá com mais consciência, mais empatia e a certeza de que conhecer e valorizar essas comunidades é essencial para construir um mundo mais justo e nos tornar profissionais de excelência”.
Ao final da atividade, a turma agradeceu à comunidade do Quilombo São Cristóvão pela acolhida, à professora Dra. Elizete Santos pela orientação e à UEMA por proporcionar essa importante experiência acadêmica e humana.
Por: Paula Lima