Matemática e saberes tradicionais: aula de campo no povoado São Domingos integra cálculo diferencial e produção da tiquira
Por Paula Lima em 21 de August de 2025
No último domingo (17), a turma de Matemática do Polo de Santana do Maranhão, do Programa Ensinar/Uema, participou de uma aula de campo no povoado São Domingos, vivenciando uma experiência que articulou os saberes acadêmicos aos conhecimentos tradicionais da comunidade. A atividade teve como objetivo aproximar teoria e prática, mostrando como a matemática pode dialogar com o cotidiano e com a ancestralidade local.
Segundo o professor Sérgio Roberto, a aula proporcionou aos estudantes a oportunidade de observar a aplicação de conceitos de cálculo diferencial, especialmente a derivada como taxa de variação, no processo de produção artesanal da tiquira.
“Os cursistas da turma de Matemática do Polo de Santana do Maranhão tiveram a oportunidade de observar, na prática, a aplicação de conceitos de cálculo diferencial, especialmente a derivada como taxa de variação, no processo de produção da tiquira. Eles puderam relacionar limite e derivada com a produção, fermentação e memória, integrando os saberes acadêmicos aos saberes da ancestralidade de Santana do Maranhão”, destacou o professor.
Durante a atividade, os estudantes coletaram dados relevantes sobre a produção da bebida, como quantidade de mandioca utilizada, tempo de fermentação e volume obtido. Esses registros possibilitaram a construção de modelos matemáticos envolvendo funções quadráticas, exponenciais e derivadas do produto e do quociente, representando situações típicas de processos biológicos e químicos, como a fermentação. Além disso, foram feitas observações qualitativas sobre o aroma, a cor e o sabor da tiquira em diferentes etapas da fermentação.
A aluna Janilcy Silva S. de Castro ressaltou a importância da vivência: “A aula de campo foi uma experiência muito significativa, pois nos permitiu perceber, de forma prática, como a matemática pode dialogar com a realidade da comunidade e com os saberes tradicionais locais. A produção artesanal da tiquira serviu como um campo fértil para aplicar conceitos de cálculo diferencial e integral, tornando a aprendizagem mais concreta e contextualizada. Foi interessante observar como a disciplina, muitas vezes vista como abstrata, se mostrou útil para interpretar processos biológicos e químicos, como a fermentação, aproximando o conhecimento acadêmico do cotidiano”.
O encontro incluiu ainda uma roda de conversa entre cursistas, professores e membros da comunidade, momento de troca de saberes e valorização da cultura local.
De acordo com a avaliação geral, a experiência foi positiva do ponto de vista pedagógico e social, articulando os conteúdos teóricos da disciplina “Pressupostos básicos do trabalho científico” a uma prática significativa e enraizada na realidade local.
Por: Paula Lima