TRABALHO DE CAMPO: uma Metodologia para o Ensino de Geografia em Barreirinhas-MA
Por Paula Lima em 18 de November de 2024
Pôr um pé adiante do outro, progressivamente, e pronto: não estamos mais no mesmo lugar. Foi com este espírito que a turma do 5º período de Geografia, polo de Barreirinhas-MA, do Programa Ensinar (Uema), através da disciplina Metodologia para o Ensino de Geografia, caminhou em Trabalho de Campo na manhã do domingo, em 10 de novembro de 2024, pelo centro da cidade.
De acordo com o professor José Arilson – “um sempre aprendiz quando se encontra caminhando” –, alicerçado nas provocações contidas no livro Pensar pela Geografia: ensino e relevância social (2019), com especial atenção no capítulo 4, intitulado O desenvolvimento do pensamento geográfico: orientação metodológica para o ensino, de Lana de Souza Cavalcanti, um dos textos trabalhados pela turma na disciplina, a Geografia escolar acerta quando desenvolve trabalho de campo pela cidade, seja esta uma cidade experimentada pela primeira vez, seja uma cidade de conhecimento prévio dos alunos, com paisagens urbanas cotidianas, como no caso vivido em Barreirinhas. O professor ainda esclareceu que o Trabalho de Campo foi pensado como um Exercício de Paisagem, uma vez que o centro de Barreirinhas é carregado de elementos físicos e simbólicos capazes de tocar a razão e emoção dos alunos, provocando atitudes interrogativas e contemplativas.
Fredson Rocha, aluno, na tentativa de condensar a experiência da turma, assim relatou: “O campo parecia inicialmente despretensioso, mas serviu para instigar as nossas percepções sobre o nosso lugar (Barreirinhas), e para enxergarmos muitos significados da sua paisagem que, sem um olhar atento, nos passam quase despercebidos. Quero dizer que muitas vezes não refletimos sobre o conteúdo de geografia que está à nossa frente. E com a metodologia que o professor José Arilson propôs se tornou bem interessante: nós éramos moradores de Barreirinhas, professores de Geografia em formação e poderíamos nos imaginar como visitantes da cidade e até mesmo como alunos da escola básica em campo”.
Desse Exercício, depois de terem cruzado o portão da escola, dado os primeiros passos e sentirem a duna do centro da cidade nos olhos e cabelos, atravessá-la como que numa aventura de criança levada, de verem a cidade de debaixo e de cima, elevados pelo Morro da Ladeira, de terem sido encorajados a pensar as investidas sobre o Rio Preguiças, de pararem para compartilhar percepções, sabendo que tinham mais a caminhar, cruzado o centro comercial, debatido turismo, economia, região e mundo, estado na Praça do Trabalhador, mantido contato com pessoas e territórios, de terem sentado nos bancos da Praça da Igreja da Matriz a fim de problematizar a paisagem e de se intrigarem com a ponte que ligará Barreirinhas à Comunidade do Povoado Cantinho, imaginando que a obra deve alterar o lugar, retornado à escola para avaliar o Trabalho de Campo, talvez os alunos da turma de Metodologia para o Ensino de Geografia tenham alcançado a noção de que “o geógrafo é muito importante para estar passeando”, como se pode ler na obra O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, publicada em 1943. Mais que isso, quiçá foram afetados pela lembrança de que professores e alunos de Geografia, são, às suas maneiras, geógrafos pelo mundo, na escola.